Clique na imagem e acesse o PDF.
Lá fora, chovia torrencialmente
#27 [des]proposições: cotidianidades sem valor de verdade O cavalo negro atravessou a floresta em direção à rua principal, parou no número cinco e desapareceu, desapareceu. Na parede, ficou uma inscrição: do que são feitas as saudades? De vestígios, talvez. Vestígios esculpidos em ossos enquanto a coluna vertebral é transformada em pó ao registrar a fragilidade …
O espaço entre o trilho e o trem
#26 [des]proposições: cotidianidades sem valor de verdade Naquele dia, transitava entre a intransigência e a petulância, mas tive medo de ultrapassar a linha amarela da estação do metrô. Teria deixado ali mesmo no chão daquele espaço suburbano a minha bagagem, teria alcançado o outro lado da rua pavimentada entre nós com os pés descalços, levando …
Duas mil e vinte reformulações para fazer
#25 [des] proposições: cotidianidades sem valor de verdade A última nota do jornal informava: oitenta e dois mil oitocentos e noventa mortos. Oitenta e dois mil oitocentos e noventa mortos. Oitenta e dois mil oitocentos e noventa sentenças de morte escritas em letra de mão antropologicamente disforme com a tinta opaca que escorre de uma …
O mestre de obras usou concreto para estancar o coração
Reproduzi uma vertente suburbana de envergadura ancestral sobreposta por uma cavalaria armada para uma guerra impossível de vencer. Observe, em dias de recesso ninguém veste uma armadura [de seda] imune ao tempo, mas frágil aos golpes das palavras de dois gumes ditas naqueles instantes de desconcentração. Termino de abotoar a carapuça que o ferreiro forjou …
Continue Lendo "O mestre de obras usou concreto para estancar o coração"
A crítica da crítica da crítica do desejo
#24 [des] proposições: cotidianidades sem valor de verdade Veja, as íris dos seus olhos apontam para a direção marcada com um xis num mapa manchado pela lágrima que derramou durante o choro dessa existência em [ r] evolução. Algum dia você imaginou percorrer o caminho que estava na via contrária de onde pensou que deveria ir? Ao …
Um vaga-lume voa sobre o campo de lavandas
#23 [des]proposições: cotidianidades sem valor de verdade Desculpe-lá se isso tudo está invertido, é que ontem alguém esqueceu a porta aberta e a caveira com a foice na mão escapou da carta de tarot e atravessou a encruzilhada, mas esqueceu de apagar a luz ao sair. Desde então, tudo desandou e todo mundo parece que …
Na taberna, tem celebração
Com os pés [descalços] nesse chão transfigurado as unhas sangram a pele exala um [antigo] aroma extraído [do ventre] da terra [molhada]: espuma de Afrodite que escorre entre as pernas na interpretação [que faz] da vida a lua brilha numa sutil translação dá para ver as Plêiades no espaço circundado, o reflexo da antiga constelação …
Uma espécie de aesthetic pós-moderna da vida em quarentena
#21 [des] proposições: cotidianidades sem valor de verdade O ouro pesa mais que o chumbo e quando isso acontece, o vento dissolve suavemente a tristeza que fica entranhada debaixo da unha quando tenta resistir à contingência desse submundo de incertezas. Tudo parece absurdamente estranho, há um cansaço no ar, uma divergência de significados que amortece …
Continue Lendo "Uma espécie de aesthetic pós-moderna da vida em quarentena"
Escapulário, relicário, escafandro, oratório
#21 [des] proposições: cotidianidades sem valor de verdade Lembra quando o céu era azul e entre-paredes era nome de festival de verão? Naquele dia, a lua estava destituída de ilusões e resolveu causar maliciosamente intriga na fábula dos vivos e entrou em eclipse com o sol. Depois disso, nunca mais foi a mesma e agora …
Continue Lendo "Escapulário, relicário, escafandro, oratório"